Esses dias atendi um paciente que durante a anamnese me contou que tinha feito a cirurgia para retirada das amígdalas quando criança. Depois de me relatar isso, o paciente acrescentou: Hoje nem se faz mais a cirurgia das amígdalas, né?! Sinceramente não sei se o paciente teve essa informação, mas preciso te contar que isso não é verdade. A cirurgia para retirada das amígdalas ainda é bastante indicada. Apesar de a indicação ter caído um pouco devido aos tratamentos mais eficazes para a amigdalite, ainda há muitos casos em que a cirurgia é necessária.
As amígdalas, também chamadas de tonsilas palatinas, são aglomerados de tecido linfoide localizadas na garganta. A amígdala tem diversas invaginações e criptas que podem acumular bactérias, causando assim amigdalites. As amígdalas destacam-se por serem produtoras de linfócitos, ou seja, de células de defesa do organismo. Ao entrarem em contato com vírus e bactérias durante a respiração, elas emitem um alerta para o organismo produzir anticorpos e combater os agentes invasores.
Então quando a cirurgia é necessária?
A grosso modo, recomendamos a cirurgia quando os malefícios que suas alterações causam em comparação com o seus benefícios para o sistema imune. Isso ocorre quando há:
- Amigdalites de repetição
- Mais de sete episódios de dor ou inflamação da garganta por ano;
- Mais de cinco episódios de dor ou inflamação da garganta por ano, durante dois anos consecutivos;
- Três episódios de dor ou inchaço da garganta ao ano durante três anos seguidos;
- Obstrução da via respiratória (roncos, respiração bucal)
- Apneia do sono
- Amigdalite caseosa
Como é a cirurgia?
A cirurgia é realizada com anestesia geral em centro cirúrgico e é feita através da boca com duração de menos de uma hora na maior parte dos casos. Não ficam cicatrizes externas. Na maior parte dos casos não ocorre nenhuma complicação, mas em casos raros pode acontecer uma hemorragia que precise de ser abordada novamente.
Como é a recuperação?
A dor na garganta é comum. Podem ser intensas no início ou em dias subsequentes após a cirurgia. As medicações via oral geralmente são suficientes para aliviar a dor. Pode ocorrer também mau hálito e febre baixa. Alimentos quentes e duros devem ser evitados nos primeiros dias após a cirurgia. Deve-se ter o cuidado de restringir atividades físicas nos primeiros dias para diminuir o risco de sangramentos