Perda auditiva não é exclusividade dos idosos

Quando falamos em perda auditiva, a imensa maioria das pessoas já pensa logo naquele senhorzinho ou senhora já bem velhinhos, que não entende o que a família está falando. Contudo, as perdas auditivas podem ocorrer em qualquer idade, inclusive em crianças, que podem sofrer consequências severas

Segundo dados do IBGE, estima-se que no Brasil existam 10 milhões de pessoas com alterações auditivas, e destes, cerca de 1 milhão tem menos de 19 anos. Um número considerável e preocupante.

Nas crianças, a maior parte das perdas auditivas são leves e reversíveis. Muitas vezes, é causada por alergias ou resfriados, que levam à um acúmulo de líquido no ouvido médio, atrapalhando a passagem do som, diminuindo assim a audição da criança. Normalmente, se não houver infecção severa, uma vez que o líquido é drenado, a audição retorna aos níveis normais.

As perdas definitivas, são menos comuns, mas devemos ficar atentos, pois elas podem causar prejuízo grande no desenvolvimento da fala e linguagem dessas crianças, bem como a prejuízo no desenvolvimento social delas. Tendo isso em mente, podemos perceber a importância de agir nessas alterações auditivas o mais precocemente possível.

Existem dois grandes tipos de perda auditiva:

Perda Auditiva Condutiva

Esse tipo de perda auditiva acontece majoritariamente por alterações no ouvido médio, e recebe esse nome, pois existe algum fator que atrapalha a condução (ou transmissão) do som, do ambiente externo até o ouvido interno. Isso pode acontecer por alterações da membrana timpânica, acúmulo de líquido na orelha média, ou por alterações dos ossículos do ouvido. Pode ocorrer também, por alterações no ouvido externo, como a presença de rolha de cerume (mas nesse caso são reversíveis).

Perda Auditiva Neurossensorial

Esse tipo de perda acontece por problemas no ouvido interno, ou no nervo auditivo, que leva a informação sonora do ouvido interno até o cérebro. Metade dessas perdas já estão presentes no nascimento ou ocorrem logo após o parto.  Podem acontecer por alterações genéticas, infecções maternas durante a gestação, infecções como meningite, traumatismo craniano, traumatismo sonoro, ou uso de alguns tipos de medicamentos.

Como identificar a perda de audição nas crianças

No Brasil, é realizada a Triagem Auditiva Neonatal (TANU), que é obrigatória e na maior parte das vezes é realizada com a criança ainda na maternidade. Essa avaliação é realizada com o exame de Emissões Otoacústicas Evocadas, popularmente conhecido como Teste da Orelhinha. Esse exame é simples, rápido e indolor. Caso haja alguma alteração no resultado do exame, a criança deve ser imediatamente encaminhada ao otorrinolaringologista para uma avaliação otológica e audiológica mais pormenorizada.

Também é necessário ficar atento a outros sinais que podem indicar perdas de audição:

  • Com um mês de idade, a criança não se assusta  com ruídos intensos
  • Com 3-4 meses, a criança não olha na direção da fonte do som
  • Tem atrasos no desenvolvimento da fala, ou fala de uma maneira difícil de entender
  • Às vezes não responde quando é chamada
  • Dificuldades escolares
  • Isolamento das outras crianças
  • Assiste televisão com o som muito alto.

A depender dos sintomas e da idade da criança, o otorrino irá indicar os exames necessários para avaliar a saúde auditiva da criança.

Tratamento

O primeiro passo é tratar a causa da perda auditiva, caso isso seja possível, como por exemplo tratar infecções de ouvido o mais precocemente possível. Caso haja acúmulo de líquido no ouvido médio, por um período superior a 3 meses, pode ser necessário a drenagem cirúrgica desse líquido e a colocação de um tubinho de ventilação.

Para os casos de perda auditiva permanente, podemos fazer uso dos Aparelhos Auditivos, ou até mesmo os implantes cocleares, a depender do tipo e da gravidade da perda auditiva.

Quanto mais cedo iniciarmos o tratamento e a reabilitação auditiva das crianças, melhores serão os resultados, e menores as chances de impacto dessa perda auditiva na vida dessas crianças. Por isso, caso você perceba sinais de alterações auditivas nos seus filhos, procure logo a avaliação do otorrino.

Escrito por Dr. Douglas Ribeiro

Otorrinolaringologista. com foco no tratamento da tontura e zumbido
CRM-SP 163.108 / RQE 67.472

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